"A adesão de países como Turquia e Arábia Saudita poderia dar ao BRICS uma dimensão militar ainda maior."
A crescente expansão e influência do BRICS, bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está gerando preocupações no Ocidente, especialmente entre os membros da OTAN. O que antes era uma aliança focada em cooperação econômica agora pode estar se transformando em uma força militar emergente. Com a possível adesão de países como Irã, Egito, Arábia Saudita e até mesmo a Turquia, o BRICS começa a ser visto como um potencial polo de poder militar e estratégico, rivalizando com as potências ocidentais. Noticia o The Times.
Especialistas da OTAN estão atentos à falta de uma doutrina militar comum e um comando centralizado dentro do bloco, mas alertam que a cooperação entre Rússia, China e outros membros pode evoluir para algo mais coordenado. A Rússia, em particular, tem usado sua participação nos BRICS para aprender com os erros de sua guerra contra a Ucrânia, o que pode ajudar na preparação para futuros conflitos, como uma potencial escalada envolvendo Taiwan.
Controle de Recursos Estratégicos: Um Cartel de Metais em Formação
Outro ponto de alerta é a formação de um possível "cartel estratégico" dentro dos BRICS para controlar recursos críticos, como cobalto, cobre e lítio – matérias-primas essenciais para a indústria militar e energética. Países como Arábia Saudita e possivelmente a República Democrática do Congo e o Chile poderiam ampliar o controle do bloco sobre esses materiais, ameaçando a cadeia de suprimentos global e colocando o Ocidente em uma posição de vulnerabilidade.
Exercícios Militares e Cooperação Tecnológica
Além da cooperação econômica, a China já está ampliando suas atividades militares, participando de exercícios conjuntos com o Egito no Mar Vermelho. Isso demonstra que Pequim está determinada a fortalecer sua posição em regiões estratégicas, incluindo o controle de rotas marítimas vitais para o comércio global. Esses movimentos são indicativos de uma militarização progressiva dos BRICS, com potencial de alterar o equilíbrio de poder global.
Aumento da Cooperação Militar: Irã e Rússia
O Irã, que já fornece mísseis de curto alcance para a Rússia, é outro exemplo da crescente militarização da cooperação dentro dos BRICS. Em troca, a Rússia ajuda o Irã a contornar sanções internacionais, fornecendo produtos alimentares, demonstrando que as trocas econômicas no bloco estão cada vez mais ligadas a interesses militares.
Expansão do Bloco: Turquia e Azerbaijão de Olho no BRICS
A Turquia, membro da OTAN, também está buscando a adesão ao BRICS, o que gera ainda mais preocupações no Ocidente. A busca da Turquia por expandir sua influência global através do bloco pode criar uma tensão dentro da própria OTAN, já que o país tradicionalmente faz parte das alianças ocidentais. Além disso, o Azerbaijão e a Tailândia também demonstraram interesse em ingressar no bloco, aumentando a relevância geopolítica do BRICS.
O Desafio para o Ocidente e a OTAN
A militarização gradual dos BRICS levanta sérios desafios para a OTAN e seus aliados. Se o bloco conseguir transformar sua cooperação econômica em uma força militar unificada, o equilíbrio de poder global pode sofrer uma mudança significativa. O fortalecimento das relações entre Rússia, China e outros membros através de trocas tecnológicas e de recursos estratégicos representa uma ameaça direta às potências ocidentais, especialmente no que diz respeito ao controle de metais essenciais e rotas comerciais.
A OTAN precisará responder a essa crescente aliança com cautela e estratégia, pois a expansão dos BRICS pode levar a uma nova fase de tensões globais, com implicações profundas para a segurança internacional.