“Oxigénio tornou-se ouro”. Criminosos lucram com a sua escassez no México

Publicado por: Redação
09/03/2021 13:24:43
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Courtesy Pixaby
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A pandemia de covid-19 deixou a Cidade do México a atravessar uma grande escassez de oxigénio médico. Criminosos estão a aproveitar para lucrar com a situação.


A exemplo de Manaus (Brasil) a capital mexicana registou um pico de infeções e hospitalizações no início do ano, que agravou seriamente a situação. O Governo local até criou dois pontos para encher gratuitamente os tanques de oxigénio para os pacientes com covid-19 que recuperam em casa.

 

Ainda assim, não foi suficiente. Várias pessoas, desesperadas por tanques para manter vivos os seus entes queridos infectados com covid-19, estão procurando no mercado negro para comprar oxigénio.

 

A cada dia que passa, Alberto Escobar nunca sabe se vai voltar vivo para casa. Apesar da semelhança do nome como o infame Pablo Escobar, não é nenhum narcotraficante. Alberto é um caminhoneiro que transporta oxigénio médico para os pacientes de covid-19. Nos últimos tempos, já foi atacado, baleado, raptado e abandonado numa mina.

 


Só em janeiro, criminosos roubaram 14 caminhões que carregavam oxigénio em todo o México. Alguns roubaram tanques de oxigénio de hospitais, muitos deles à mão armada.

 

De acordo com a VICE, cada tanque é vendido no mercado negro a 40.000 pesos (cerca de 1.600 euros) – dez vezes mais do que o preço habitual.

 

“O oxigénio tornou-se como ouro para as organizações criminosas. Há sempre aquele medo de que eles me apanhem de novo, matem-me e deixem o meu corpo nalgum lugar porque isso já aconteceu em muitos casos. Muitos”, disse Escobar.

 

A situação no México é precária. O país é o terceiro com o maior número de mortes devido ao novo coronavírus e os hospitais estão lotados. O paramédico Angel Palafox diz que às vezes tem de andar às voltas na ambulância com um paciente durante três horas até encontrar uma cama num hospital.

 

Quando o seu pai foi infectado, Palafox teve dificuldades em encontrar oxigénio, mesmo ele sendo paramédico: “Eu sentia-me impotente porque trabalho com saúde e não pude salvá-lo”. O seu pai acabaria por morrer para a doença.

 

O problema abriu as portas das falcatruas.

Maribel Mendoza Alvarez pagou cerca de 500 euros por uma máquina que supostamente transformava ar em oxigénio médico. Em vez de ajudar o seu familiar, apenas o deixou pior. Mas Alvarez não é um caso isolado. Vários grupos do Facebook surgiram com centenas de publicações a contarem histórias muito semelhantes às de Alvarez.

 

Carlos e Elizabeth Pineda vão todos os dias, esperar na fila de um dos pontos de reabastecimento de oxigénio da cidade. Têm de esperar até quatro horas para reabastecer os seus tanques.

 

Muitos mexicanos atribuíram a culpa pela falta de oxigénio à resposta do Governo à pandemia. No entanto, Ricardo Sheffield, chefe da agência de proteção ao consumidor do México (PROFECO), argumenta que a culpa é dos próprios mexicanos.

 

“Muitas pessoas guardam [tanques de oxigénio] nas suas casas e não os usam. E agora a procura está tão alta que todos os cilindros deviam voltar ao mercado”, disse Sheffield.

 

Originalmente Publicado por: Daniel Costa Daniel Costa, Planeta ZAP //

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